Hokej Club Mountfield e Panský Šenk
Rapaziada, hoje fiz coisas diferentes. Pela primeira vez na minha vida fui ver, ao vivo, um jogo de hóquei no gelo. É um dos esportes favoritos (se não o mais apreciado) da República Checa. O time da cidade, que disputa a superliga do país, é o Hokej Club Moutfield. Não é nenhum espetáculo, mas está na liga principal do país. Fazia algum tempo que eu queria ver isso de perto, pois é uma das poucas coisas que consigo ver na televisão. Hoje me planejei, saí do laboratório às quatro e meia e fui para o estádio; o jogo iria começar às cinco e meia. Fui caminhando pelo meio do parque e já fui queimando a pestana pra ver como iria comprar o ingresso. Ainda estava no meio do meu caminho e na minha cabeça já estava como a história do sujeito precisava demais de um macaco de carro (vcs devem conhecer). Já estava mandando o cara do guichê enfiar o tíquete... E na hora que cheguei lá, piorou. Tinha um mapa-monstro pintado na parede com todas as possibilidades de lugares, divididas por ala, fileira, zona e “esquimbal a quatro” (!). Três ou quatro pessoas na minha frente, e a pressão já devia estar 16 por 12, só de imaginar a confusão, pq atrás de mim tinha uma galera. Não tinha a menor ideia do que fazer; pensei em jogar o dinheiro pela portinhola e esticar o dedo indicador: um. Mas em um determinado momento, olhei pra trás e vi três garotos, com uns quinze anos cada, logo depois de mim. Meio sem pensar, soltei: “Mluvíte anglicky?” (vc fala inglês?; uma das três coisas que aprendi a falar em checo; as outras duas são “lamento” e “não compreendo”; tô bem?). Putz, deu certo. Dois moleques falaram que sim e mesmo com um inglesinho bem fulera, deu pra eu pedir pra eles comprarem o ingresso pra mim. Tíquete na mão, procura o lugar, senta no lugar errado, levanta e, agora sim, instalado. Cheguei bem mais cedo que o povo todo, mas foi legal pq deu pra apreciar o lugar. O estádio é bonito e a própria quadra de gelo é legal; além das marcações da quadra, têm umas propagandas meio foscas impressas no chão e fica bonito. Quando faltavam exatos quarenta minutos (marcados no telão/placar preso no teto da arena), os dois times entraram em quadra para o aquecimento. Eu fiquei todo entusiasmado, mas a galera nem deu muita bola. É bem bacana ver os jogadores andando de patins, super tranqüilos, e batendo forte “na bola”. A torcida foi chegando pra valer faltando uns quinze minutos pra começar o jogo, quase todo mundo com a camisa do time por cima do casacão de frio. Os lugares são cadeiras de plástico e são numerados. Quando os jogadores do time da casa foram entrar virou espetáculo. Colocaram duas “tochas” e os caras eram chamados um a um e entravam na quadra. Legal mesmo. O jogo começou e um tempinho depois já “levamos” o primeiro gol. Daí pra frente foi ladeira a baixo. Há dois intervalos em um jogo e a cada parada o pessoal se movimentava de um lado para o outro e voltava carregado de copos de cerveja; bebem durante o jogo inteiro. Deve ser bom pq os visitantes fizeram cinco e só no final, no terceiro tempo, o Mountfield fez o segundo e parece que ninguém percebeu; tudo na paz. Na hora do gol do time da casa, rola a maior festa; os caras apagam a luz e começa a tocar uma sirene. E mesmo levando essa lavada, a torcida fica o tempo todo aplaudindo e cantando. Não tem muito esse negócio de ficar xingando, a não ser um torcedor ou outro. Bom, a coisa toda durou umas duas horas e meia. Rapidinho saí de lá e fui arrumar algo pra comer. Como vcs já sabem, minha semana toda a base de lanche, sexta e domingo são dias de comer algo quente. Mexe aqui, fuça ali, fiquei sabendo desse tal restaurante escrito lá em cima. As recomendações que vi e o próprio site do restaurante (http://www.panskysenk.cz/) falavam que era um lugar “medieval”; acho que tudo por aqui é medieval! Pra começar, foi difícil achar. A maioria dos bares e restaurantes aqui não fica com a porta na rua. E mesmo quando é, à medida que o outono e o inverno vão passando, todo mundo fica com as portas fechadas. Óbvio. No começo eu ficava procurando algum lugar “aberto” e não via nada, mas depois me liguei que tudo estava aberto, só que estava fechado (olha o passaporte!), por causa frio. Mas esse restaurante em particular fica no fundo de uma entrada na rua. Realmente não é fácil encontrar. Quando entrei, a tal da história do medieval fez sentido. Toda a decoração é no estilo “cavaleiros da távola redonda” (e o prédio é velho pra dedéu; dizem que a casa é de 1603). Tem espadas nas paredes e elmos (sei lá se é isso mesmo; aqueles “capacetes” das armaduras) nos parapeitos das janelas. No meio do restaurante tem uma churrasqueira, que acaba funcionando também como uma lareira. Lá fora estava 0oC ou menos e essa lareira veio a calhar. O carro chefe da casa são os grelhados, principalmente de porco. Como cheguei relativamente cedo e não tinha quase ninguém, não tinha nenhuma “referência” de prato (quando vc vê alguém comendo algo interessante, vc pega o garçom pela mão e leva lá pra mostrar o que quer, certo Vanderlei?). Então fui pedindo com base no cardápio (em inglês). Eles sempre perguntam sobre a bebida primeiro, então, pivo (cerveja; Budvar 12o). Pedi aquele famigerado bolinho de batata (bramborák) para entrada. Vieram dois bolinhos (quentes, dessa vez) e alguns legumes crus. Matei tudo e pedi o prato. Nome simpático: rušikvas. Pedaços de carne de porco (tipo lombo) e salsicha fritos com alho-poró, cogumelos frescos, bacon, cebola e ervas, acompanhados por legumes crus e batatas cozidas. Acertei na mosca; estava muito bom. Enquanto eu mandava brasa na minha comida, muita gente já tinha chegado e muitos pedidos já tinham rolado. E aí começaram a fazer as carnes na tal da churrasqueira. Vi diferentes tipos de espetos e de pedaços inteiros de carne sendo colocados na grelha, bem sobre o fogo. As garçonetes funcionavam também como cozinheiras. Não sei como estava o gosto, mas parecia muito bom. Embora seja legal, não acho uma boa marcar um “Os Barnaquinta” lá. Não tem cantora exclusiva! Ahoj. Nashledanou.
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