sábado, 3 de dezembro de 2011

Republica Checa 02/12/2011

Budapeste, Hungria.

Continuando minha viagem, vim parar em Budapeste. Aqui não chega a ser um lugar desconhecido do nosso pessoal. Vários colegas já estiveram por aqui; lembro até do Germano me dizendo que foi um dos lugares mais bonitos que visitou numa certa viagem que fez e o Décio também esteve por aqui há pouco tempo; o André, filho dele, está jogando em um clube de uma cidade próxima (Györ). Bem, do mesmo modo como Bratislava, aqui “é véio pra caraca”! Também tem gente habitando essa área desde a pré-história, embora com características diferentes da ocupação de Bratislava. O povo de hoje, claro, é evolução das migrações, coalizões, guerras e outros fenômenos que constroem uma sociedade. Pelo que li, a origem dos agrupamentos fixos mais representativos deve ter sido por volta de 1100 anos atrás, mas o povo húngaro, efetivamente, originou-se com a chegada e assentamento dos magiares (tribos nômades que migraram do leste). A língua, incompreensível pra gente, é própria; uma derivação urálica muito particular, que tem mais semelhanças com o finlandês do que com a língua dos outros povos ao redor ((uma parte do grupo de nômades que veio do leste ficou por aqui e outra continuou subindo até chegar ao local onde é a Finlândia hoje e fincar o pé por lá; como isso foi há muito tempo, as diferenças entre as línguas foram ficando muito acentuadas e hoje já são coisas bem distintas)). Acho que até por isso é fácil falar inglês por aqui, mesmo na rua; o turismo força o povo a ter que se comunicar e húngaro não é para qualquer um. Bom, após o assentamento dos magiares, o povo foi dominando esta região da Europa, até motivados pelo espírito guerreiro e aventureiro dos ancestrais, e, nos tempos modernos, chegaram a construir um império compartilhado com a Áustria até outro dia (início do século XX); o império Austro-Húngaro era bem grande e incluía o território (às vezes, parte apenas) de alguns países atuais como a República Checa, Eslováquia, Polônia, Sérvia, Croácia, Romênia, Eslovênia, Ucrânia e mais alguns. Depois da primeira guerra mundial, danou-se. Perderam guerra e os Estados Unidos, principalmente, organizaram a (re)divisão do território todo; meio que os territórios foram devolvidos a seus povos. Hoje a coisa parece calma por aqui. O turismo em Budapeste é forte; mesmo nessa época fria tem gente visitando a cidade (mas até agora não escutei uma só palavra em português). Sempre ouvia falar que Budapeste originou-se de duas cidades antes separadas, mas o fato é que, em 1873, três cidades/áreas foram unificadas para formá-la: Buda, Peste e Óbuda; essa última era a “mais fraquinha” das três e ficou meio esquecida na história. E é meio óbvio mas não custa ressaltar: os nomes não têm nada a ver com o Buda e com a peste. A cidade é bonita pra caramba; particularmente, gosto de tudo que tem história, não apenas lojas, e aqui isso escorre pelo ladrão! Muito especial é ver de novo o Danúbio (nem tão azul), um dos mais importantes rios da Europa. Bacana também é observar a clara divisão de relevo. Na margem direita do rio está Buda (bem como Óbuda), que tem um relevo mais acidentado, diferente de Peste. Nessa área, mais residencial, ficam o Castelo de Buda e a Citadella, duas áreas de grande interesse turístico e perto do Danúbio. Fiquei em um hotel em Peste, relativamente perto do rio. Decidi ir conhecer as duas atrações de Buda a pé (embora o transporte público seja bom e relativamente fácil, não estou mais a fim de ficar “aprendendo” onde compra o bilhete, pra onde vai o trem/ônibus, onde tem que parar; tô meio cansado dessa “batalha”; já estou há dois meses nessa luta). Então, mapa na mão, fui primeiro ao castelo. O que é bom é que há um funicular lá; sabia pela internet e vi o dito-cujo de longe. ((Pausa pra caipirada: em geral, funicular é um “trenzinho” que percorre um trajeto geralmente curto e inclinado; é pra subir morro.)) Mas tava funcionando? Lógico que não. Tatu... Então subi o morrote a pé. Além das estruturas do castelo em si, tem uma galeria com exposição de arte húngara desde obras góticas até modernas. Belo, e longo, passeio; andei pra valer dentro do museu. Saí de lá, desci a ladeira e rumei para o outro morro; ia conhecer a Citadella. Essa construção, um forte na verdade, fica no morro (ou colina, sei lá) Gellért e é o ponto mais alto de Budapeste. Peguei ônibus? Claro que não! Garotão, forte, bem disposto... Fui andando. Se não foi a coisa mais difícil que já fiz (na verdade, está longe disso), foi “dolorido” pq tava um ou dois graus e ventando pra dedéu. O caminho no meio da mata era bem inclinado, mas como tinha escadas de degraus baixos, toquei o barco. Cheguei suado lá em cima, embora com bastante frio (dá pra entender?). Tem várias coisas e, em especial, uma estátua da liberdade deles para simbolizar a paz após a segunda guerra, que pegou pesado por aqui. ((Durante um tempo, o governo era nazista, um braço de Hitler, e fez barbaridades, principalmente com judeus; em Peste, há um museu, o “Museu do Terror” (cheguei a visitar), que conta um pouco desse período triste da história, incluindo a época do comunismo, que veio depois da guerra e também não foi nenhum mar de rosas.)) Bem, quando desci da colina, atravessei a ponte (uma delas; acho que são nove no total) e cheguei de novo em Peste. Essa é a área com terreno bem plano, não há morros, e é também a parte mais agitada da cidade. É aqui que está a maioria dos hotéis, restaurantes, lojas, bancos, boates, enfim, a maior parte da agitação. Entre as tantas coisas interessantes e que, como já disse, vários conhecem, tenho que destacar uma: a Basílica de Santo Estevão. É, até essa altura da minha vida, a igreja mais bonita que já vi. Grande, imponente, com pedras vermelho-escuro (mármore?)  e vários ornamentos dourados. É uma obra de arte por si só; lindíssima. Além disso, vi uma coisa que perdi em Bratislava, que não é muito comum pra gente e não é todo mundo que tem oportunidade de ver por conta da época: o tal do mercado de Natal; acho que é a versão européia das nossas antigas quermesses. Pô, isso é legal. Em cidades maiores eles constroem alguns mercados e o que vi foi o do centro de Peste. Geralmente um mês antes do Natal, as cidades organizam esses mercados para vender artesanato local (tem muito ching-ling também), comida e bebida, além de rolarem algumas apresentações. Esse que encontrei é relativamente grande, tem uma árvore enfeitada e barracas com todo o tipo de coisa: vidraria, artefatos de madeira, roupa, peles de animais, ferragem, bijuterias e por aí vai. Pra comer, então, é brincadeira. Barracas enormes vendem todo o tipo de embutido (comi “chouriço” e linguiça), joelho de porco, carne refogada com legumes, panquecas de batata (comi uma; vem com creme azedo em cima), carne ensopada, pizzas, saladas, picles, doces e até um tipo de “charuto” (aquele repolho recheado árabe) vi em um dos “restaurantes”. Cheguei a tomar um destilado chamado palinkas, que pode ser feito de ameixa (o tipo mais comum) ou de outras frutas (pera ou maçã, por exemplo); acho que o Zarzour e o Fernandão iriam gostar, mas o trem é brabo. A bebida típica para essa época, entretanto, é o vinho quente, que até lembra o nosso aí das festas juninas. Pelo mercado, há mesas em vários pontos, muitas vezes com cadeiras também, onde o pessoal se ajeita pra comer. Muita gente vai diariamente ao mercado, mesmo com temperatura negativa, mas, pelo jeito, o clima de festa e o vinho quente dão conta do recado, e, afinal, o Natal tá chegando. Abraços a todos.

























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